quinta-feira, 16 de março de 2023

Nova era

 Tanto tempo sem vir aqui. Nem lembrava mais que esse espaço ainda resistia.

Ao que parece, a distância de uma década ou um pouco mais foi percorrida.

Mas há aproximadamente 6 anos eu me tornei outra pessoa e sigo buscando entender essa transformação.

Hoje, não sem ajuda, estou em busca de uma saúde mental que foi muito desprezada durante grande parte da minha caminhada.


Meu nome é Alline Katyuza, sou uma mulher de quase 38 anos, preta, gorda, artista, escritora, mãe, assexuada. Trabalhando no limite do check especial da paciência.


*Eu estou vestindo uma camisola, um cabelo embaraçado. A casa tá uma zona e estou ouvindo Steve Wonder. A criança pelo menos já se alimentou e está de banho tomado.




segunda-feira, 22 de setembro de 2014

toalha de mesa

Imagine uma toalha de mesa de cantina italiana após almoço de domingo de uma família inteira.
Molho de tomate, azeite, vinho. Tudo manchando o tecido. Restos de pão, migalhas mil.


É a roupa que eu tô vestindo. Uma confusão só!

segunda-feira, 14 de abril de 2014

não sei brigar.

nem por email. nem por carta.
nem por outdoor, nem por placas.

eu não sei dizer a você o quanto está me ferindo, me machucando.

eu pondero as palavras, pois sei o poder que elas tem.

você sabe desse poder todo?

o que você pondera quando resolve chegar e despejar na face do outro toda essa energia negativa acumulada, toda essa falta de vontade de buscar o que é bom no outro? o que você deixa de ver e de entender pelo que é, apenas para ver e entender o que você quer que seja?

na boa, eu não sei brigar.

não briguei antes e não vou brigar agora.


hoje eu to vestida de tristeza. Dessas que nem cinza são, são encardidas e sujas mesmo.
Tá chovendo.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

.

eu estava bem até você aparecer.
estava dona de mim, dona do meu castelo.
só havia eu e mais ninguém.

daí você apareceu e eu sabia que era prenuncio de guerra, fogo e morte.
corri, fugi, me escondi.
mas você me alcançou. me sorriu e me beijou.

e foi como se eu sentisse a morte me invadir, a dor chegar, o estômago revirar.
e mesmo com tudo isso, era tudo tão bom.
e a partir disso eu vi que já não era mais tão só minha.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

quando a gente se distancia da gente mesmo

Muitas vezes a gente quer que a vida pare, que ela aguarde a gente retomar o fôlego pra seguir em frente. Mas a vida é uma piranha, é uma danada. Ela faz o que bem quer e não para pra ninguém. Daí a gente se ressente e pensa: Poxa, mas não dá pra esperar eu me recompor um minutinho?

Não, não dá. Grande parte das transformações na vida dos seres vivos ocorrem quando estes estão em movimento. Desde a borboleta, - que enquanto lagarta se lacra num casulo para prosseguir com sua evolução longe das vistas de outros - até o mais sensível e ferido dos seres humanos.

A cura vem pelo movimento. É nele que você vai encontrar novos caminhos, novas pessoas, novas oportunidades, novos sorrisos, novos olhares.

Mas e se no caso a nossa ferida for bem maior que tudo? A gente pode diminuir o passo, nos mover mais lentamente... Mas parar nunca.


Espero que um dia você ponha seu coração em movimento com o meu.

*Hoje eu to de pijama. Mais uma vez.

sábado, 11 de janeiro de 2014

pequenos rituais

Todo mundo tem um ritual pra chamar de seu. O último cigarro antes de dormir, algumas páginas de livro. Um leite morno com biscoitos. Um diário em prantos.

Meu ritual antes de dormir tem sido pensar em mim. No meu futuro, na minha conta bancária, no seu cheiro, na merda que você deve estar fazendo, e depois na minha conta bancária de novo. Na minha família, nos meus amigos distantes e que só a distância consegue afastar.

Daí eu penso em você de novo. E nas merdas que está fazendo.
Daí eu dou risada e lembro do último beijo que te dei antes de pegar o ônibus e como foi engraçado o jeito que você disse: Se cuida, tá? Eu te ligo.

eu to me cuidando. só pra você saber.


*hoje estou de vestido floral, daqueles levinhos. Cachos ao vento. sorriso nos lábios e frio na barriga.

fantasia

hoje eu estou vestida de ponto de interrogação.
uma fantasia enorme.


quero saber o que falta em mim. o que falta pra você.

mas talvez eu nem esteja vestida de nada que não seja o manto da invisibilidade.

eu to aqui mas você não vê. to aqui mas você não sente.

nem você e nem ninguém.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

2014. Dia 1.

Oi 2014. Tudo bem?

Não tô aqui te pedindo pra ser macio, educado, elegante, ou ainda que tenha compaixão de mim.
Na real não sei se posso te pedir algo. Talvez seja você quem deveria me pedir alguma coisa.
Talvez seja você quem deveria me informar qual será a melhor forma de agir.

Não posso e nem devo reclamar de 2013.
Tava me agoniando já, parecia que ele não teria fim. Mas ele foi absolutamente necessário.
Foi muita perda e muito ganho. Mas foram lições muito importantes... como as de 2004 e 2008.

Mas olha, se eu tivesse direito de te pedir algo, de sugerir algo, de sei lá, de repente dar uma dica...
tudo se resumiria a equilíbrio.

hoje eu to me sentindo turista com máquina fotográfica em punho na Praia de Copa no dia seguinte ao Reveillon: To vendo um rastro de destruição, mas já tô vendo uma galera limpando, a coisa melhorando e sei que no final a paisagem voltará ao seu normal. Enquanto isso, sigo registrando o processo.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

lavage de rôpa

hoje eu to vestida de trouxa. trouxa de roupa suja, daquelas bem imundas, dos nego que joga futebol no campinho de lama. E não, não há sabão Omo nas proximidades.

Se virem com essa glicerina ae!

sobre os nossos limites

Li outro dia ai, acho que há dois dias mais precisamente, uma reportagem sobre uma moça em algum lugar da Ásia, redatora de uma  agência de publicidade, que morreu após 3 dias de trabalho consecutivo e exaustivo à base de muito energético. Mais ou menos isso... Fato é que ela morreu.

Fiquei pensando sobre isso um tempo... Avaliei que logicamente existe o livre arbítrio envolvido (pode ter trabalhado isso tudo, dessa forma por uma escolha), a coação (pode ter trabalhado isso tudo por ter se visto obrigada de alguma forma a cumprir alguma meta específica em menos tempo), a incapacidade de dizer não (pode ter trabalhado isso tudo por ser alguém como eu, que tem dificuldades em dizer não, em se recusar a fazer algo que vá além da capacidade ou apenas  por não querer).

A questão é que pensei também que vivemos numa cultura que valoriza muito isso, essa coisa de se superar, de "ah, porra, fui trabalhar doente, com um olho brotando na testa e uma terceira boca na nuca, mas fui". Sabem? A gente meio que se orgulha disso e chama de fraco aquele que respeita os limites do corpo, da mente, aquele que opta por ter uma noite sadia de sono, ao invés de virar a noite como a gente com 3 litros de café e uma ansiedade do tamanho do Maracanã.

Sei lá,  só pensei.

Hoje acho que to vestindo uma roupa listrada. Um pijama. Porque mentalmente eu estou em casa, deitada, respeitando meus limites mentais e físicos.

Nova era

 Tanto tempo sem vir aqui. Nem lembrava mais que esse espaço ainda resistia. Ao que parece, a distância de uma década ou um pouco mais foi p...